ALEXANDRE HERCULANO:
em busca das origens
Embora
também tenha cultivado a poesia, foi na prosa de ficção que Alexandre Herculano
deixou sua maior contribuição. Nela o autor fez uso de seu largo conhecimento
da história de Portugal, particularmente a relativa à Idade Média, introduzindo
o romance histórico no país. Esse gênero renovou e revigorou a prosa de ficção
portuguesa, dado o desgaste das novelas de cavalaria e das novelas
sentimentais. Herculano é autor dos romances O bobo (situado no século XII), Eurico,
o presbítero (situado no século VIII) e O
Monge de Cister (situado no século XVI). Como contista, publicou Lendas e
narrativas, também de ambientação medieval.
Nessas
obras, misturando-se a fatos históricos devidamente documentados, a matéria literária
(trama amorosa, aventuras de cavalaria medieval, fantasia, imaginação) e ás
vezes utilizada pelo autor apenas como pretexto para dar vazão a suas ideias
sociais, filosóficas, religiosas e nacionais.
Alexandre
Herculano ainda deixou contribuições à cultura no campo do ensaio, do
jornalismo e da historiografia. Como historiador, publicou História de Portugal e Estabelecimento
da Inquisição em Portugal.
Obra: EURICO, O PRESBÍTERO
O principal romance de Alexandre
Herculano é Eurico, o presbítero, que
retrata a invasão árabe na península Ibérica ocorrida no século VIII e a
história do amor impossível de Eurico e Hermengarda.
Eurico
é um padre que se refugiara na vida religiosa para squecer Hermengarda, cuja
mão lhe fora negada pelo pai, o duque de Cantábria, em virtude de baixa posição
social do pretendente.
Quando ocorre
a invasão árabe, Eurico – corajoso cavaleiro no passado – torna-se o temido “Cavaleiro
Negro”, que atemoriza os árabes com sua valentia e ousadia. Contudo, os árabes
vencem a guerra e invadem cidades, casas, conventos e igrejas.
Eurico alia-se
a um grupo de resistência que se esconde na floresta e tem como líder Pelágio,
irmão de Hermengarda.
Em meio às
lutas, o cavaleiro e a moça se reencontram, e ela, em sonho, revela seu amor
por ele. Entretando, a união entre os dois é agora mais impossível, porque ele
se tornara um padre. Depois de ter participado de uma bem-sucedida emboscada
contra os árabes, Eurico se deixa matar pelos inimigos, pondo um fim ao seu
sofrimento amoroso e ao conflito religioso. Hermengarda, ao saber de sua morte,
enlouquece.
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